Cidade do Funchal conta com espólio de Juvenal Garcês
Cidade do Funchal conta com espólio de Juvenal Garcês
Ator e encenador madeirense tem obra exposta em sala do Teatro Municipal Baltazar Dias
O Teatro Municipal Baltazar Dias tem a partir de hoje uma sala com os livros, desenhos e quadros do espólio pessoal de Juvenal Garcês, doado pela família do reconhecido ator e encenador madeirense, e por Ruy de Carvalho, que, na ocasião, se referiu ao amigo, como “um dos maiores atores portugueses de todos os tempos”.
Pedro Calado, também presente na cerimónia, deixou, em nome do Município do Funchal, uma palavra de apreço à família, revelando ser “uma honra e um privilégio, acolher no Teatro Municipal Baltazar Dias este espólio, que perdurará a memória do ator e encenador madeirense, e homenagear o teatro, particularmente o Teatro Experimental do Funchal, onde Juvenal Garcês fez a sua formação artística”.
O presidente da Câmara Municipal do Funchal aproveitou a ocasião para realçar o investimento que a autarquia tem feito na cultura e nas artes. “Agarramos com muito entusiasmo a cultura e tudo o que se faz pelas artes na nossa cidade. Em 2 anos, mais do que duplicamos o orçamento destinado à cultura. Conseguimos antecipar a meta que nos propusemos para este mandato e atingimos, já este ano, 2% do orçamento do município do Funchal só para a cultura”, revelou o autarca.
Quanto à obra de Juvenal Garcês, ela pode agora ser observada no Teatro Municipal Baltazar Dias.
Juvenal Garcês nasceu na Ribeira Brava, a 31 de maio de 1961.
Desde cedo desenvolveu forte aptidão pelo teatro, dando os primeiros passos teatrais na escola, em 1973.
Anos mais tarde, Juvenal inicia a sua formação artística no Grupo de Teatro Experimental do Funchal, sob orientação de Carlos Franquinho.
A sua estreia no Teatro Municipal Baltazar Dias é com o Auto da Barca do Inferno. Apesar de jovem, destacava-se entre os atores mais experientes, pelas suas capacidades de interpretação e pelo seu carisma.
Ao mudar-se para Lisboa nos anos 80, teve oportunidade de ser orientado, pelo mentor e amigo, Mário Viegas, um dos maiores nomes do teatro português e o responsável, junto com Juvenal Garcês, em 1990, pela criação da Companhia Teatral do Chiado, onde desenvolve, em 1996, um dos espetáculos mais perenes do teatro contemporâneo português, “As Obras completos de William Shakespeare em 97 minutos”.
Juvenal foi uma figura carismática do teatro português, em particular do panorama lisboeta, carregando sempre em si a ilha.
Antes da sua morte, em 2020, Juvenal manifestou à família e amigos próximos, a vontade de dirigir um teatro na ilha que o viu crescer, assim como de deixar o seu legado para outros jovens atores, num espaço de especial importância, como é o Teatro Municipal Baltazar Dias.