CMF atribuiu Prémio Edmundo Bettencourt 2024 a Judite Canha Fernandes
O júri do Prémio Literário da Cidade do Funchal – Edmundo Bettencourt 2024, constituído por Marcela Costa, Ana Salgueiro, Teresa Góis, Luís Lobo Pimenta, Carmo Marques e Miguel Ângelo Martins deliberou, por maioria, a atribuição do Prémio à autora madeirense Judite Canha Fernandes, com a obra “O mel sem abelhas”.
A autora nasceu no Funchal em 1971. Em 2015, deixou o percurso profissional para dedicar-se à escrita. Publicou poesia, ficção (romance e conto) e teatro. O seu romance de estreia “Um Passo para Sul” foi Prémio Agustina Bessa Luís em 2018, Menção Honrosa no Prémio Literário Dias de Melo em 2018, foi nomeada como melhor livro de ficção narrativa em 2019 pela Sociedade Portuguesa de Autores. Textos seus, em criação ou cocriação, estiverem em cena na Casa da Música, Fábrica das Artes – Centro Cultural de Belém, A Comuna – Teatro de Pesquisa, Teatro Dona Maria II, Teatro Municipal de Bragança, entre outros.
A atribuição foi fundamentada pelo facto da obra “O mel sem abelhas” apresentar de forma inovadora uma narrativa a partir da perspetiva de uma mulher escrava. Reescrevendo literariamente a história da escravatura portuguesa e da sociedade colonial madeirense do século XVI açucareiro, a narrativa desenvolve-se de forma consistente, coerente e coesa, assim como culturalmente informada, com um notável poder descritivo do mundo interior e exterior da protagonista, não deixando de fazer a ponte entre o passado e o presente, neste caso, através da misteriosa relação onírica da protagonista com a jovem narradora que assume ser sua descendente.
Foi decidida também a atribuição de uma menção honrosa a Lívia Borges, a viver no Porto Santo, pela obra “A Revolução da Ilha Pequena”, uma obra distópica, cuja narrativa situada num futuro longínquo e numa sociedade marcada pela opressão e por um totalitarismo anónimo, aborda questões hoje extremamente relevantes, assumindo um interessante registo de crítica social e política.
Além da atribuição do valor monetário constante em regulamento de 3.000 euros à obra vencedora de Judite Canha Fernandes, ambas as obras deverão ser editadas e lançadas no âmbito da Feira do Livro que irá acontecer de 28 de março a 6 de abril de 2025.