CMF dá a conhecer habitat dos morcegos no Parque Ecológico
Iniciativa assinala Dia Internacional da Vida Selvagem
No âmbito do Dia Internacional da Vida Selvagem, que se celebra a 3 de março, a Câmara Municipal do Funchal desenvolverá uma atividade de observação e de sensibilização para a conservação dos morcegos (quirópteros) no Parque Ecológico do Funchal.
Esta ação, inserida no programa de atividades Eco-Escolas, será realizada em parceria com a Escola Horácio Bento de Gouveia, contando com a presença de uma turma do 8º ano.
Para que os alunos fiquem a conhecer o habitat dos morcegos e a importância da sua espécie, será realizada uma palestra para explicar a história natural destes mamíferos e a sua importância na natureza, assim como, os benefícios para a humanidade.
Posteriormente, será realizada uma sessão de trabalho de campo com a colocação de abrigos em alguns locais do vale da Ribeira dos Cales. «Apesar de não se saber o real impacto dos grandes incêndios de 2010 e 2016, julga-se que a diminuição do habitat e de locais de abrigo teve impacto nas populações destes animais. Neste sentido, a colocação de abrigos é importante para fornecer um lugar seguro para a espécie se reproduzir e se proteger de predadores, contribuindo para a sua conservação, mas, também, para que, as suas populações sejam monitorizadas a longo prazo, permitindo à comunidade cientifica obter mais informações», refere a vereadora com o pelouro do Ambiente, Nádia Coelho.
No arquipélago da Madeira, os únicos mamíferos nativos estão representados por 3 espécies de morcegos insetívoros: o morcego da Madeira (Pipistrellus maderensis), o morcego arborícola pequeno (Nyctalus leisleri) e o morcego orelhudo cinzento (Plecotus austriacus). «No Parque Ecológico do Funchal é possível encontrar estas três espécies e observá-los a voar durante a noite», garante Nádia Coelho.
Apesar dos morcegos serem importantes no controlo de pragas, estes animais são muitas vezes temidos pela humanidade. Este medo, em muitas culturas, deve-se à relação que têm com as lendas sobre vampiros. Para desmitificar esta “má” imagem dos morcegos e contribuir para a conservação destes animais, o Parque Ecológico do Funchal, está a desenvolver atividades de aprendizagem no âmbito escolar, quer através de palestras quer através de ações concretas no terreno (colocação de abrigos para os morcegos).
No âmbito deste programa, e após a colocação dos abrigos, decorrerá o acompanhamento da taxa de ocupação das caixas. Esta atividade de campo para verificação dos abrigos está programada para decorrer três vezes durante o ano letivo (outubro/novembro, março/abril e maio/junho). Uma vez que estes animais são selvagens e não devem ser perturbados no seu habitat, a monitorização das caixas será executada com recurso a métodos indiretos não invasivos. Um dos métodos é a utilização de um endoscópio que é introduzido na entrada dos abrigos, permitindo assim detetar a presença ou ausência da espécie. Outro método a ser utilizado é a utilização de detetores de ultrassons, uma vez que os morcegos produzem sons inaudíveis aos seres humanos, mas que podem ser detetados através destes aparelhos específicos.
Para além do uso de dispositivos específicos, é possível efetuar a verificação da ocupação dos abrigos pela presença de excrementos nas áreas adjacentes, deteção de sons audíveis de morcegos durante o dia (principalmente no verão) ou através da observação da saída destes mamíferos dos abrigos pouco antes do pôr do sol.
Esta ação reforça a aposta da CMF na conservação da natureza e dos recursos naturais existentes, pretendendo sensibilizar para a existência e importância de diferentes ecossistemas e de um trabalho conjunto para a sua preservação no Município do Funchal.
A atividade inclui-se no projeto desenvolvido no Parque Ecológico, coordenado pelo investigador Ricardo Rocha do CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, sobre a ecologia e conservação dos morcegos da Madeira.
Refira-se que a comemoração do Dia Internacional da Vida Selvagem, criado em 2013 pela ONU, aquando da verificação da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção), tem como objetivo celebrar a fauna e a flora do planeta, assim como alertar para os perigos do tráfico de espécies selvagens animais.
Programa:
14:00 – Palestra – A história natural dos morcegos e a sua importância/benefícios para a natureza (Centro de Receção Parque Ecológico)
14:30 – Explicação das metodologias a aplicar na colocação dos abrigos para morcegos e futura monitorização
14:45 – Trabalho de campo – colocação dos abrigos para morcegos em alguns locais do Vale da Ribeira das Cales
16:00 – Encerramento da atividade