Funchal investe 11,4 milhões de euros para combater o desperdício de água
Primeiros indicadores apontam para resultados positivos
A Câmara Municipal do Funchal está ciente dos impactos significativos que as alterações climáticas provocarão na nossa sociedade, nomeadamente na disponibilidade de água para consumo e regadio.
A menor intensidade e frequência dos eventos de precipitação poderão condicionar a quantidade de água disponível, sendo que uma das possíveis consequências, no futuro, será a escassez de água nas montanhas, aquíferos, canais, reservas e nascentes.
É na mitigação deste problema que o Município do Funchal está focado, procurando zelar pela boa gestão deste recurso e encetar ações que acautelem a eficiência hídrica e a redução de perdas na rede de água no concelho.
Historicamente, a Madeira sempre foi conhecida pela sua abundância de água, o que conduziu a elevados valores de perdas de água na ilha. O Município do Funchal, por exemplo, apresenta atualmente índices de água não faturada que ultrapassa os 65 %. Um grau de desempenho que é “inaceitável” para a vereadora do Ambiente, Nádia Coelho.
Para reverter a situação, a Câmara do Funchal tem vindo a investir na rede de água para evitar os níveis de perdas existentes, procurando aumentar a eficiência na sua gestão.
Está a ser implementado um sistema, baseado em modelos hidráulicos adequados, que permite combater as perdas reais de água, através da gestão correta das pressões e da medição de caudais, incluindo a sectorização da rede. Esta sectorização da rede, com a respetiva criação de Zonas de Monitorização e Controlo (ZMC), permite identificar mais rapidamente as ruturas e consequente reparação, até porque os equipamentos de controlo e monitorização estarão ligados a um moderno sistema de telegestão.
«Sabemos que estas obras, que se vão prolongar até final de 2023, acarretam alguns incómodos para a população, mas temos de perceber que este é um dos maiores legados que vamos deixar às gerações futuras. Estamos a falar de sustentabilidade ambiental, da preservação dos recursos existentes e, no limite, da nossa própria sobrevivência», reforça a vereadora do ambiente do Município do Funchal, Nádia Coelho, no dia em que se assinala o Dia Mundial da Água.
A implantação física do projeto em curso, está dividida em duas fases. A primeira ocupa total ou parcialmente as freguesias de São Martinho, Santo António, São Roque e São Pedro, sendo que as restantes freguesias serão envolvidas na segunda fase do projeto.
«Estamos a falar de um investimento de 11,4 milhões de euros, cofinanciado pelo POSEUR, correspondendo a intervenções em aproximadamente 600 km da rede de água e 54 mil ramais», refere Nádia Coelho.
A obra prevê a montagem de 287 válvulas reguladoras de pressão, 38 medidores de caudal, 760 sensores de pressão, a criação de 114 Zonas de Monitorização e Controlo (ZMC) e a implantação de 57km de condutas novas ou renovadas.
Com a execução da obra, a Câmara Municipal do Funchal espera, a curto prazo, significativas melhorias no funcionamento da rede, nomeadamente por regularização da pressão em toda a zona de intervenção, e uma diminuição expressiva do volume de perdas de água.
Os primeiros indicadores positivos já estão a surgir, como nos garantiu a vereadora Nádia Coelho. «A primeira ZMC em fase final de implantação, situada na zona da Ribeira Grande, permitiu, para já, reduzir para cerca de metade os caudais mínimos noturnos e baixar, diariamente, o volume de água entrada no sistema, em cerca de 30% (menos 110.000 litros de água perdida diariamente naquela que será a mais pequena ZMC de todo o sistema). No entanto, o combate às perdas reais não se limita à realização de uma empreitada de obras públicas», garante Nádia Coelho.
Paralelamente, estão a ser implementadas outras estratégias de combate às perdas, nomeadamente a reabilitação de condutas, o controlo ativo de perdas, que inclui, entre outros, a deteção de fugas de água não visíveis, responsáveis pela maior parte das perdas reais das redes municipais do Funchal.
O Município do Funchal tem consciência da gravidade do problema de escassez de água e está a implementar, em várias frentes, as medidas necessárias para garantir a sustentabilidade do recurso “água”.
«No entanto, é necessário o empenho e sensibilização de todos os agentes envolvidos, desde as empresas, instituições e cidadãos, pois a gestão da água e a poupança envolve cada um de nós, e as ações que cada um de nós realiza tornam o Funchal mais sustentável e resiliente» sustenta Nádia Coelho.